#MinhaIrmaEmUmReality
Quero agradecer primeiramente ao blog, Contos de amor
bandido - Branquinha, por me ceder esse espaço para falar um pouco cobre a
minha irmã, Samantha, que está confinada há 5 dias em um Reality Show de Papel.
Samantha se inscreveu para o reality no site da
emissora (In) Certa, e poucas semanas depois foi chamada para as seletivas do
programa. De início, Adão, meu padrasto, não gostou nem um pouco da ideia , mas
com aquele jeitinho que convence qualquer um, Samantha conseguiu tranquilizar o
velho e ainda conseguiu fazer com ele prometesse que a levaria até a grande
casa onde aconteceria o programa.
Durante a semana da viagem, Samantha, correu a cidade
toda comprando roupas novas e resolvendo algumas pendências no trabalho. Um dia
antecedente a viagem, um dos amigos "coloridos" da minha irmã,
apareceu lá em casa com um buquê de flores vermelhas e uma aliança de
compromisso, não sei o que conversaram especificamente, mas ouvir alguns
trechos da conversa e Samantha pediu para que ele não a esperasse, pois, a sua
vontade era entrar no jogo e aproveitar cada momento. O tal amigo, partiu e não
notei aliança alguma em seu dedo.
Já no dia seguinte, Samantha acordou como sempre, bem
humorada e alegre, contando os seus planos pós- reality. Fomos para o aeroporto
de Brasília depois do almoço e pousamos na cidade que aconteceria o programa
horas depois. Ganhamos estadia e passagens grátis, já que o programa teria
início dali há dois dias. Neste meio tempo, curtimos bastante a cidade e
compramos alguns presentes para os nossos familiares, eu e Adão íamos estender
a viagem mais um pouco e conhecer um pouco do litoral, por este motivo,
resolvemos alugar um carro para uma melhor mobilidade pela cidade.
No dia da estreia do programa, Samantha, estava
eufórica e ansiosa para conhecer logo o local, mas ao chegarmos na estrada que
dava acesso a casa, a imagem não foi nada acolhedora. A estrada era totalmente
assustadora, o combinado de árvores e nevoa tornava a viagem sinistra, percebi
que meu padrasto não estava gostando daquela cena, enquanto isso, Samantha,
olhava vidrada todo aquele cenário assustador.
- Mana, você quer mesmo participar desse programa?
- Ora, mas que pergunta, João!
- Olha esse lugar, Samantha, isso que ainda estamos
longe de chegar, pelo que mostra o gps. Esse programa vai acontecer no meio do
nada, para piorar, olha que esquisito esse clima na estrada.
- Ah! João, relaxa! reality's não acontecem no meio da cidade. Os
participantes precisam ficar sem nenhum tipo de contato externo.
- Eu sei disso. Mas você não está com medo dessa
estrada?
Ela apenas
olhou para fora do carro e não respondeu a minha pergunta.
Meu padrasto continuava em silêncio, mas Samantha
estava nervosa, puder perceber pelo seu comportamento. Minha irmã é muito
transparente e notar que havia algo de errado com ela não era uma tarefa nada
difícil. Me lembrei de quando éramos adolescentes e todos iam sair de viagem
durante a páscoa para a casa dos meus avôs, mas ela insistiu em ficar em casa,
e enquanto tentava convencer o pai a não
levá-la, parecia que ia dar um ataque do tanto que tremia as mãos e as
esfregava no vestido. o resultado foi que quando chegamos de viagem a casa
estava uma bagunça, havia garrafas de bebidas para todos os lados, a área de
churrasco da casa estava uma zona e ela dormia tranquilamente com um garoto e
uma garota em um colchão na sala. Adão ficou pirado com ela e a deixou de
castigo por quase 2 meses. Não posso dizer que ela aprendeu algo com isso, mas
depois desse castigo, nunca mais ela fez festinhas em casa. Tenho certeza que
se Adão notasse o seu nervosismo dias antes de viajarmos, aquela situação teria
sido evitada, e eu como um bom irmão, não poderia entrega-la de forma alguma,
mesmo que eu suspeitasse dos seus planos.
A viagem seguia e nada de chegarmos a tal grande casa,
eu já estava ficando entediado com aquele silêncio, e quando estava prestes a
abrir a boca para reclamar, Samantha, grita eufórica:
- Eita, caralho! chegamos!!
Ela já foi descendo do carro e olhando ao redor, eu e
Adão conversamos e a aconselhamos a se comportar no programa, entre abraços e
sorrisos ansiosos nos despedimos e ficamos olhando Samantha adentrar na casa,
olhei por toda a extensão do muro da casa e para um pedaço do telhado que
despontava por cima do muro e notei que o lugar era bastante velho para a proposta de um reality.
Ficamos mais alguns minutos ali fora, e partimos de volta à cidade. Ao rodar
quase 60 km, Adão deu uma parada para comprar alguma coisa para beber, entramos
em uma espécie de mini mercearia, e um senhor muito simpático veio nos atender.
- Boa tarde, você tem qual refrigerante? - perguntei
- Temos só suco de frutas: Laranja, limão e manga.
- Me dá um suco de laranja, por favor. - respondi e vi
uma vitrine com salgados - quero um salgado de frango, por favor.
- Vou querer o mesmo. - pediu Adão - João, você achou
aquele lugar assustador?
- Muito, tio! Não sei como a Samantha topou entrar
nesse programa depois de ver aquela casa e viajar horas por uma estrada tão
sinistra.
- Estão falando do velho casarão? - perguntou o senhor.
- Uma casa há mais ou menos 60 km daqui! Minha irmã
foi escalada para participar do reality de papel.
O homem parecia
assustado e se calou.
- O que é, moço? - perguntei assim que notei sua
reação.
- a sua irmão corre perigo.. O casarão é habitado por
criaturas das trevas, a escuridão engole a todos que se metem ali.
Eu não sabia o que falar diante daquele comentário,
Adão me olhou e ficou calado e assim que saímos da mercearia ele avisou:
- Vamos buscar a Samantha agora mesmo!
- Tio, ela não vai querer sair de lá.
- João, eu vou buscar minha filha com ou sem você.
- Tio, por favor. Não vai adiantar voltarmos, eles não
vão nem deixa-la saber que voltamos para busca-la. Olha, ela está em um reality,
cercada por câmeras, esqueceu? Não tem como acontecer nada com ela, e outra,
temos o aplicativo que permite acompanhar o reality 24 horas. Não podemos ir
caindo nas lendas assim, não, tio. Está tudo bem, ok?
- Não sei, João. Desde quando minha filha falou sobre
esse reality não gostei nem um pouco da ideia, tudo aqui é diferente, não sei
te explicar, mas desde quando saímos da marginal e pegamos a estrada pra cá me
sinto estranhamente inquieto.
- Tio, relaxa, ok!? Vai ficar tudo bem e não se preocupe
que vamos acompanhar tudo 24 horas.
- Tudo bem meu filho!
Seguimos viagem de volta, mas eu não conseguia me
sentir confiante com as minhas próprias palavras.
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Contos
de amor bandido - Branquinha.
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